Paraguai IV: Festas de San Juan


Quando viajamos é muito frequente ficarmos entusiasmados com semelhanças que vamos encontrando com o nosso país de origem. Coisas tão simples como ouvir falar português, ver um rio que passa na cidade ou mesmo a celebração de uma tradição são motivo de alegria e fazem-nos sentir, ainda que por breves momentos, perto de casa!

Aqui no Paraguai já tive esse sentimento de duas formas distintas. Por um lado é muito comum ouvir-se falar português, dada a proximidade geográfica ao Brasil, por outro lado na semana passada festejou-se aqui na cidade as Festas de San Juan, ou São João para os amigos!

E tal como em Portugal, não seria San Juan se não houvesse festa e arraiais por toda a cidade e o San Juan é uma tradição nacional muito enraizada na cultura e que tem um selo Guarani!

Aqui em Asunción todos os bairros se preparam para o San Juan. É comum haver comida típica, danças populares e muitos jogos. Estas são algumas das curiosidades relativas a esta festa (as fotos abaixo não são da minha autoria mas demonstram bem as diversas tradições):

  • À meia-noite celebra-se o Judas Kái, uma tradição que indica o começo das festas do dia de San Juan e onde se queimam bonecos de trapo com forma humana, que representam Judas Iscariote e a traição de Jesus. É comum que todos os anos os bonecos de Judas tenham um nome de uma personagem conhecida da sociedade local, como político ou desportistas. Este ano o mais comum dos nomes foi ‘Pelusco‘, uma critica satírica à AFP (Associação de Futebol do Paraguai) e a Gerardo Pelusso, o técnico uruguaio que dirigiu a seleção de futebol do Paraguai;
  • O fogo é o rei das celebrações e todos se reúnem e convivem à volta de enormes fogueiras;
  • Os meninos jogam futebol com uma pelota tatá, uma bola de trapos em fogo que está presa por fios;
  • Os jovens jogam jogos mais ousados como caminharem descalços sobre 3 metros de brasas para pagar algum tipo de promessa onde a fé e a concentração são fundamentais para não se queimarem;
  • Os adultos tentam trepar por paus de madeira com uma altura de 5 metros que estão cobertos de azeite ou gordura de porco com o objetivo de alcançar o prémio que está na ponta do pau, uma coroa de dinheiro;
  • Outros mais jovens preferem o kanbuchí jejocá (quebrar o cântaro) um jogo que consiste em alcançar e quebrar de olhos vendados a panela de barro pendurado, ou o paila yejerei  (lamber a panela de óleo) um jogo que consiste em tentar retirar com a língua as moedas que estão pegadas numa panela cheia de óleo;
  • Nas cantinas são servidas comidas dos séculos XVIII e XIX, uma fusão de receitas indígenas e espanholas. Uma das mais emblemáticas é o Mbeyú, uma espécie de torta de farinha de mandioca e queijo fresco que é depois frita ou o Payaguá Mascada, um croquete de carne e farinha de trigo que é depois frito.

Infelizmente só agora tive oportunidade de pesquisar um pouco sobre o tema, o que não nos deu oportunidade de procurar um arraial mais típico.

Nós estivemos no pequeno arraial do bairro de Villamorra (onde estamos hospedados). Uma rua cortada ao trânsito cheia de barraquinhas que vendiam comida e outros produtos regionais. O local estava cheio de gente e haviam grupos musicais a animar a festa.

Como não podia deixar de ser, fomos provar algumas algumas especialidades culinárias: uma espetada, uma carne que primeiro é cozida e depois grelhada na brasa e o famoso Mbeyú. Depois provámos também a versão quente do Tereré (de que vos falei no post de ontem) que tem um sabor extremamente doce, e descobrimos por acaso um maravilhoso Pastel de Mandioca, uma receita que vou ter de descobrir como se faz porque é maravilhoso!!!

Foi uma noite muito agradável!

DESAFIO: E tu?  É tradição celebrar o São João na tua cidade? De que forma?

FONTE: Jornal Hoy

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